A revista Agroanalysis, da FGV, é um dos veículos de maior relevância no setor do agronegócio brasileiro. Reconhecido pela vasta experiência no segmento, Luiz Cláudio Caffagni (Conselheiro da Sombrero) mais uma vez colabora com o conteúdo da revista, comentando na edição do mês de maio sobre a formação do preço do grão de soja.
Entenda como as oscilações dos componentes que formam o preço da soja podem afetar o preço para o produtor
A formação do preço das commodities agrícolas sofre influência de diversos fatores. Para contornar eventuais imprevisibilidades, existem os mercados futuros, que permitem que os participantes fixem antecipadamente as principais variáveis, como preços, taxas de juros e câmbio. Esses mercados, chamados de derivativos, têm um papel crucial nas cadeias produtivas e financeiras, agregando valor e oferecendo ao produtor a oportunidade de perseguir uma margem adequada à sua atividade e fixar o preço de venda sempre que essa margem for atingida.
A formação do preço de um ativo pode ser explicada pela interação entre a oferta e a demanda do referido ativo, dos seus substitutos e dos seus complementares. Contudo, movimentos especulativos em bolsas (de fundos) podem alterar essa dinâmica em períodos curtos.
O preço da soja no Brasil
O Brasil é o maior produtor mundial de soja e, por isso, gera um volume significativo de excedentes exportáveis de soja em grão, farelo e óleo (respectivamente, 61%, 52% e 24% da produção). Por esse motivo, na maioria das vezes, a melhor referência de preço da soja doméstica é o preço internacional interiorizado a partir dos portos de exportação.
Por um lado, se algum comprador no Brasil quiser pagar mais barato do que o preço internacional free on board (FOB), a soja é direcionada para exportação. Por outro lado, o comprador doméstico também não precisa pagar mais do que a referência internacional, exceto em momentos de oferta reduzida. Deste modo, a referência de preço da soja internacional é dada pelo contrato futuro de soja na CME.
Porém, existe um problema de precificação a ser resolvido: o preço da soja na CME pode movimentar-se a mais ou a menos, proporcionalmente, em relação à variação do preço da soja brasileira. Essa correlação imperfeita gera riscos aos traders, pois estes originam (compram) soja com preço a fixar e o preço na CME pode cair mais do que proporcionalmente em relação ao preço doméstico.
Essa dificuldade na precificação levou à necessidade de “tropicalizar” (ou abrasileirar) o preço da CME. A “tropicalização” segrega o preço da soja brasileira em duas partes: o preço internacional (CME) e o prêmio de exportação.
Luiz Cláudio Caffagni é consultor em crédito e derivativos, membro do Conselho de Administração da Sombrero Seguros e da Heron Investimentos, partner da Archer Education e professor dos Programas de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Getulio Vargas (FGV).
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