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Agroanalysis: mercado de fertilizantes

Agroanalysis e um olhar sobre o mercado de fertilizantes

Agroanalysis e um olhar sobre o mercado de fertilizantes

Luiz Cláudio Caffagni relata à revista da FGV o momento atual do mercado de fertilizantes e como o Brasil vive hoje uma dependência internacional.

Em artigo escrito para a edição de abril da Agroanalysis, o conselheiro da Enova Holding mostra uma visão detalhada sobre o que se passa no Brasil e no mundo quanto à produção de fertilizantes, sobre a falta de insumos no Brasil e, ainda, sobre como os conflitos na Ucrânia atingem o mercado brasileiro.

 

A dependência internacional

O agro brasileiro tornou-se um grande dependente de insumos importados, sobretudo de fertilizantes. Entre 2013 e 2021, o Brasil teve um enorme aumento no  consumo de fertilizantes e uma estagnação na produção dos mesmos, o que explica o rápido crescimento do vínculo brasileiro com os fornecedores internacionais. Nesse período, a produção doméstica caiu 32%, enquanto a entrega de fertilizantes para o mercado cresceu 50%. Como consequência, a produção, que representava 30% do consumo em 2013, caiu para apenas 14% em 2021,. A trajetória oposta entre consumo e produção gerou a necessidade de importação de fertilizantes de diversas partes do mundo. Além disso, mais recentemente, o Brasil vem sofrendo com a restrição de acesso a fertilizantes: por conta dos conflitos na Ucrânia, a Rússia, maior exportadora do insumo, viu suas exportações tornarem-se incertas, o que mexe  com as cadeias do agronegócio brasileiro.

 

Oferta de fertilizantes

A princípio, o problema do fornecimento de fertilizantes para o Brasil está circunscrito à Rússia, dependendo mais da permissão do governo russo do que dos contratos de importação entre os fornecedores e a indústria brasileira. O fluxo comercial pode diminuir, mas não deverá ser paralisado. Quanto à indústria doméstica, ainda que pequena, os altos preços dos fertilizantes são um incentivo real de aumento da produção até a capacidade instalada. No médio prazo, o Governo tentará incentivar investimentos na fabricação de fertilizantes por meio do recém-lançado Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).

Essa estratégia de aumentar a produção doméstica de fertilizantes carrega diversos desafios. Um deles está relacionado à produção de amônia (matéria-prima para a produção de ureia, nitrato de amônio, nitrocálcio, sulfato de amônia, MAP e fosfato diamônico – DAP), pois o preço local da matéria-prima básica – gás natural – é muito mais elevado em relação ao de outros países, o que inviabiliza a produção nacional. O preço do gás natural no Brasil é 1,7 vez maior do que o preço europeu e mais de 3 vezes o preço norte-americano. Segundo um estudo publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em 2019, a composição do preço do gás natural doméstico é de: 46% relativos ao preço do gás na boca do poço ou no gasoduto, 13% relativos ao transporte, 17% relativos à distribuição e 24% relativos aos  impostos.

 

Impactos para o futuro

Caso se confirme a restrição de fornecimento da Rússia para o Brasil, os preços dos fertilizantes podem subir mais ainda, impactando os custos de produção. Por outro lado, os preços das commodities também devem subir, puxados pelas altas dos preços do petróleo, do gás natural, do milho e do trigo.

Neste momento de grande incerteza, antes de tomar decisões precipitadas, as lideranças setoriais e o Governo devem construir estratégias muito bem estudadas, debatidas e coordenadas de curto, médio e longo prazos para mitigar o risco de dependência. O primeiro passo foi dado pela ministra Tereza Cristina, do MAPA, que saiu em busca de maiores volumes entre os fornecedores atuais e criou, com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um programa de capacitação do produtor no uso racional de fertilizantes. O PNF, que já estava redigido em novembro último, ganhou prioridade e deverá surtir resultados no médio e longo prazos.

Ao produtor, cabe realizar uma detalhada análise do solo e traçar um plano de utilização do mínimo de fertilização que não impacte a produtividade. Além disso, ele deve ter muita atenção na gestão de despesas e de fixação de vendas da safra.

 

Leia a matéria completa na edição de abril da Agroanalysis. Para assinar a revista, acesse o link: https://www.agroanalysis.com.br/

Palavras-chave: Fertilizantes, Mercado, Produtor

Por: João Gabriel Pires