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Colhe a cana, planta a soja: saiba mais sobre a rotação de culturas

Banner - Colhe Cana e Planta Soja: A importância da rotação de culturas

Colhe a cana, planta a soja: saiba mais sobre a rotação de culturas

 

Também chamada de agricultura regenerativa, a técnica possibilita inúmeras vantagens ao produtor sem deixar as questões ambientais de lado.

Atualmente, investir na rotação e diversificação de culturas tem papel fundamental na eficiência agrícola. Além disso, representa uma alternativa capaz de suprir a demanda por alimentos que deve aumentar em torno de 56% até 2050 – quando teremos 10 bilhões de pessoas no planeta, segundo estimativa da ONU. Portanto, um desafio que exigirá esforços conjuntos para a criação de sistemas de produção intensivos, porém cada vez mais ecossistêmicos.

Diante do cenário, vamos entender o conceito e conhecer as vantagens da rotação e diversificação de culturas com o propósito comercial e econômico, bem como na manutenção da biocapacidade da Terra. Com base nisso, ainda iremos conferir quais são os benefícios de plantar soja no fim do ciclo da cana-de-açúcar para renovar os canaviais.

O que é rotação de culturas?

Em linhas gerais, a rotação de culturas é uma técnica que consiste em alternar espécies vegetais, de forma regular e planejada, em uma mesma área durante determinadas épocas do ano. Ao contrário da monocultura, na qual os latifúndios plantam um só produto durante várias safras, a ideia é diversificar os cultivos, dando preferência aos que contenham raízes diferentes.

Por meio de novas tecnologias, a abordagem, também chamada de agricultura positiva ou regenerativa, utiliza processos que trazem diversidade funcional, isto é, quando cada fase produtiva traz efeitos positivos para a conservação do solo e aumento da produtividade. Com o passar do tempo, se tornam ambientalmente autossustentáveis.

Só para ilustrar (veremos mais adiante), a rotação com soja pode ser efetuada após o final da colheita do último ciclo da cana-de-açúcar. A plantação tem início por volta de outubro até novembro e é colhida em meados de janeiro e fevereiro, um pouco antes do novo plantio da cana que acontece entre março e abril. Para ser viável, exige alto nível de conhecimento na execução de um planejamento que respeite as especificidades envolvidas.

Benefícios da diversificação e rotação de culturas

Embora a rotação de culturas não seja tão comum nos dias de hoje, seus benefícios agronômicos e ecológicos são indiscutíveis. A prática tem se mostrado essencial na ampliação da estabilidade econômica e frente às variações climáticas. Vejamos os 5 principais ganhos proporcionados.

1.Recuperação do solo

Cada espécie de planta irá interagir com o solo de maneira diferente, liberando e absorvendo substâncias específicas e em proporções únicas. Com a restauração dos nutrientes esgotados ou a utilização dos que estão em excesso, ocorre a ciclagem. Ou seja, temos o equilíbrio que resulta em mais fertilidade. Falando nisso, o solo também se torna mais fértil por causa da presença de microrganismos benéficos deixados por várias plantas que aumentam os níveis de matéria orgânica, fundamental nos processos físicos, químicos e biológicos. A variedade radicular favorece a descompactação, o que gera mais porosidade, capacidade de infiltração da água, circulação de ar e aeração. O resultado é uma estrutura aprimorada com as condições ideais para germinação de sementes.

2.Controle de pragas, doenças e ervas daninhas

Com a alternância de culturas na lavoura, a proliferação de pragas, doenças e ervas daninhas é interrompida. Isso acontece porque o plantio da espécie hospedeira é alternado com o de outra que não beneficia o desenvolvimento do patógeno, levando à sua diminuição ou desaparecimento. Dessa forma, os agricultores familiarizados com os padrões sazonais aproveitam o intervalo em que o risco de infecção é baixo. Ao planejar com cuidado, é possível, inclusive, reduzir o uso de pesticidas, contribuindo com a sustentabilidade.

3. Aumento da produtividade

De acordo com dados da Syngenta, empresa suíça de proteção de cultivos e biotecnologia, o principal resultado da rotação de culturas é o aumento da produtividade, que pode alcançar um patamar de crescimento de 10% a 15%.

4. Sustentabilidade

A terra deixada em pousio, ou descanso, é naturalmente fertilizada pelo esterco dos animais que pastam lá. A biomassa remanescente da colheita é um estrume puro que também aumenta a fertilidade do solo, reduzindo a necessidade de fertilizantes sintéticos, assim como o uso recorrente do local faz o mesmo em relação ao desmatamento.

5. Diversificar a renda do produtor

Não cultivar a mesma cultura o ano todo permite a diversificação da renda da propriedade, minimizando os riscos de mercado e de clima, característicos da produção agrícola.

Rotação com soja na renovação do canavial

Quando o ciclo da cana-de-açúcar termina, após de três a seis cortes consecutivos, e já não há mais reaproveitamento da rebrota, o produtor canavieiro tem na rotação uma opção para renovar o canavial. Para que aconteça a contento, são utilizadas espécies de plantas conhecidas como adubos verdes, sendo a soja uma delas. O objetivo é obter uma cobertura superficial e manter ou melhorar a qualidade do solo em geral, inclusive em profundidade. Sem falar nos aspectos econômicos, ambientais e sociais envolvidos na decisão.

Em suma, a rotação com a leguminosa representa uma excelente oportunidade de aumentar a produtividade da terra que, por consequência, resulta nos cenários positivos a seguir.

  • Permite maior economia na reforma do canavial;
  • Contribui com a conservação do solo devido à manutenção de cobertura numa época de alta precipitação pluvial;
  • Fixação de nitrogênio e ciclagem de nutrientes;
  • Melhoria na eficiência no uso da água;
  • Auxilia no controle de plantas daninhas durante o cultivo anual da cana;
  • Combate indireto a pragas que se hospedam em plantas daninhas;
  • Otimização do uso de máquinas na propriedade;
  • Aumento da produtividade da cana-de-açúcar e produção de alimentos;
  • Fonte de renda adicional dentro da mesma área, diversificando os proventos do produtor ou da usina.

Como girar culturas

O primeiro passo para incorporar a rotação de culturas em uma plantação é ter um planejamento de médio a longo prazo e a consultoria de um profissional especializado. Aliás, vale lembrar que não é necessário fazer a rotação de uma única vez em toda a lavoura, sendo possível realizar a alternância em uma parte da área a cada ano. Seja como for, existem estratégias que podem auxiliar dependendo das diferentes necessidades de cada empreendimento.

  • Girar por família de plantas: esta é a técnica mais comum. Envolve o plantio de diferentes famílias de plantas em um campo de forma sazonal e sequencial, muitas vezes ao longo de quatro anos;
  • Girar por parte da planta colhida: é a prática padrão alternar entre a colheita de leguminosas, folhas, frutos e raízes ao longo deste ciclo. Embora a abordagem se baseie apenas em partes de plantas reunidas, ela incorpora certos conceitos fundamentais. Plantas de diferentes famílias e com diferentes profundidades de enraizamento são tipicamente usadas e as leguminosas são frequentemente plantadas como plantas restauradoras;
  • Girar por compatibilidade de planta: é importante considerar quais plantas se complementam ao planejar um ciclo de rotação. O milho doce, por exemplo, é altamente recomendado como planta pré-batata devido ao seu impacto positivo significativo na produtividade do tubérculo;
  • Girar de acordo com as necessidades nutricionais: geralmente, essa abordagem envolve o plantio das culturas de leguminosas primeiro, seguido por alimentadores pesados, como tomates ou milho, no ano seguinte;
  • Girar por profundidade e tipo de enraizamento: esta técnica requer intercalar entre o cultivo de plantas com raízes profundas e rasas, como beterraba e couve-flor, em uma única parcela;
  • Incluir leguminosas e plantas de cobertura: uma grama ou grão minúsculo plantado no outono usará nitrogênio não utilizado do milho ou soja anteriores. Apesar dos legumes não serem tão bons quanto as gramíneas na reutilização do elemento, eles enriquecem o solo para que a próxima planta possa se beneficiar. Combinações de leguminosas e gramíneas têm um desempenho admirável em ambos os ambientes.

Acompanhar as culturas e avaliar seus impactos é possível graças aos avanços tecnológicos de toda a cadeia produtiva. Quer conhecer mais opções viáveis para fazer uma adequada gestão de riscos e mitigar perdas? Converse com um de nossos especialistas, eles terão prazer em apresentar produtos em sintonia com a realidade de cada produtor.